Como surgiu o Ballet?
Livro: “The History of Dance: Ballet”, de Lilly Grove
Como surgiu o ballet? Essa é a pergunta-chave que o livro “History of Dance” pretende responder.
O livro narra como a dança faz parte da humanidade desde os povos antigos e como o ballet clássico se desenvolveu. Apesar de passar por centenas de anos na História, o livro conta tudo isso em menos de 30 páginas!
Mas, não subestime o livro pelo tamanho. Embora seja curtíssimo, ele é repleto de conteúdo.
Notou a capa? A imagem é do quadro Aula de Ballet, o hall de dança, de Edgar Degas!
Não sabe quem é Degas? Confira esse post!
Importante nota sobre esse post: aqui registrei a história da dança e do ballet de acordo com o conteúdo do livro. Não tenho a intenção aqui de esgotar o tema, até porque isso seria impossível. Portanto, para conhecer a história do ballet com profundidade, recomendo a leitura de uma bibliografia variada, que pretendo trazer para o Ballet em Páginas em breve. |
A História da Dança
Não há como afirmar com precisão quando a dança começou. O que temos hoje são vestígios que nos indicam aproximadamente o período em que a dança passou a ser parte da vida do homem.
Evidências, como pinturas de mais de 9 mil anos na Índia e tumbas egípcias que retratam figuras dançando, datadas de 3.300 A.C., revelam que a dança surgiu há milhares de anos.
Antes mesmo da invenção da escrita, data que marca o início da História, a dança era um dos métodos de contar histórias de geração em geração. Sabe-se ainda que a dança era realizada em rituais de cura – e é usada para esse fim até hoje.
A História do Ballet
Da Itália para a França
Quando se fala em especificamente em ballet, porém, o período histórico fica mais definido.
Segundo o livro The History of Dance, em 1489 o chamado “ballet” era essencialmente uma forma de entretenimento da corte, e seu primeiro registro se deu na Itália, no casamento do Duque de Milão.
Mas, a história do ballet realmente começa a tomar forma no ano de 1533, no casamento entre Catarina de Médici, da Itália, com Henrique II (o Duque de Orléans), da França.
Catarina era apaixonada pelas artes e trouxe aspectos da corte italiana para a França. Além de entreter a corte, Catarina acreditava que as artes eram uma forma de passar mensagens políticas ao público, como, por exemplo, reafirmar a autoridade da monarquia sobre a nobreza.
Nesse contexto, o ballet foi introduzido na corte francesa, a exemplo de I Gelosi, cuja atuação era principalmente mímica e variava com danças cômicas, e Tamborine.
No entanto, foi apenas em 15 de outubro de 1581, no casamento de Marguerite de Vaudémont (nora de Catarina de Médici), que o verdadeiro marco do ballet aconteceu.
O Ballet Comique de la Reine, criado por Beaujoyeulx, foi o primeiro ballet que combinou uma coreografia com uma narrativa, estilo que ficou conhecido como ballet de cour (ballet da corte).
O Ballet Comique de la Reine foi apresentado num palco separado da plateia, algo inovador na época, e os bailarinos eram membros da nobreza. A apresentação durou mais durou mais de cinco horas (!!) e, ao final, convidados especiais receberam presentes e todos foram convidados a participar de um grande baile.
O sucesso do evento enorme. Catarina chegou a nomear Beaujoyeulx, o criador, como Intendente de Música.
O nome “Ballet Comique” implicava dizer que era um ballet e uma comédia ao mesmo tempo: uma comédia porque continha um enredo, com cenas interligadas; e um ballet porque era performado com dança, música e máscaras.
Na França
A partir do Ballet Comique de la Reine, o ballet de cour se tornou prática recorrente na corte francesa. No século XVII, o próprio rei Luís XIV performava em diversos ballets.
Os temas dos ballets eram os mais variados. Por exemplo, quando o rei Luís XIV, da França, se casou com a rainha Maria Teresa, da Espanha, o ballet apresentado foi Il n’y a plus de Pyrénées (Não há mais Pirineus), no qual duas ninfas, uma francesa e uma espanhola, cantavam um dueto, cada uma com vestes do respectivo país.
Observe que “Pirineus” se referem às Cordilheiras dos Pirineus, um conjunto de montanhas que formam uma barreira natural entre a França e a Espanha. Assim, o ballet “Não há mais Pirineus” remete à união entre os dois países, por meio do casamento do rei Luís XIV com a rainha Maria Teresa.
O ballet mais famoso desse período, porém, foi o Ballet de la Nuit, no qual o rei Luís XIV representou o Rei Sol, personagem que perseguia os malignos seres da noite. Essa representação, que reafirmava a autoridade do monarca, foi o mais emblemático apelido do rei absolutista.
Pantomima
Outro fato interessante que o livro menciona diz respeito ao chamado Ballet Pantomima. Em 1706 (já no século XVIII, portanto), a Duquesa de Maine, que costumava dar festas grandiosas, conhecidas como Nuits des Sceaux (Noite das Focas), nas quais havia ópera, ballet e poesia, certa noite pediu que o ballet fosse apresentado como nas artes antigas, isto é, sem palavras.
Assim, o quarto ato de Horácio foi apresentado apenas com a dança. O livro registra que a apresentação não apenas levou o público às lágrimas como também os próprios bailarinos foram tomados pela emoção.
O sucesso do Ballet Pantomima foi tão grande que Jean-Georges Noverre, grande bailarino e professor à época, sugeriu que as Máximas do escritor francês François de la Rochefoucauld fossem representadas num Ballet D’Action, isto é, usando a dança para construir a narrativa.
A partir de então, o ballet alçou voo.
O ballet é uma imagem, ou melhor, uma série de imagens conectadas umas às outras pelo enredo. – Jean-Georges Noverre
Sobre a leitura
Como eu mencionei antes, o livro é supercurto, mas tem muito conteúdo.
Devo dizer, porém, que alguns fatos são descritos de maneira tão enxuta que precisei recorrer a um livro de apoio para entender alguns temas mais a fundo (o livro de apoio que utilizei foi Ballet: the definitive illustrated story, de Viviana Durante).
Ou seja, o livro The History of Dance: Ballet pode ser considerado mais um resumo da história do ballet do que um objeto de estudo do tema.
Outro ponto a se considerar é que a má impressão do livro prejudica um pouco a experiência de leitura. À exceção da introdução, todo o texto tem defeitos de resolução. Aliás, não só as palavras, mas também as imagens do livro são difíceis de enxergar.
Apesar desses problemas, o livro é bem interessante e vale ser lido. Embora não relate toda a história do ballet – aliás, bem longe disso -, o livro traz algumas passagens muito curiosas.
Uma de que gostei bastante trata da bailarina Marie-Madeleine Guimard. Conta-se que essa bailarina era uma pessoa muito querida e bondosa. Exemplo disso foi quando ela contratou um pintor para decorar sua casa com afrescos e ela notou que ele parecia muito triste. Ele explicou que era muito pobre e por isso não tinha conseguido terminar seus estudos. Madeleine imediatamente obteve um empréstimo para ele, e assim ele foi estudar em Roma.
Outro exemplo foi o acidente que Marie-Madeleine sofreu. Um pedaço do cenário caiu e quebrou o braço da bailarina. Na Catedral de Notre-Dame, uma missa foi rezada pela sua recuperação, tal era a admiração do público por ela.
Um aspecto do livro que me deixou confusa é a forma como ele termina. Sem muita relação com os fatos históricos da dança, o livro de repente critica bailarinos e ballets atuais, afirmando que há hoje pouca arte na dança. Sinceramente, achei uma crítica deslocada e sem sentido.
Ficha técnica
Título: The History of Dance
Editora: Read Books
Ano: 2010
Autora: Lilly Grove
Número de páginas: 34
ISBN: 9781445523897
Disponível em e-book
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