Entrevista: Kamila Cidrim
Hoje o post é superespecial!
Depois de ficar encantada com a leitura de Ballet: métodos e corpos, fiz vários posts sobre o conteúdo do livro no Instagram, o que gerou muito engajamento a respeito do tema discutido no livro: as diferentes metodologias, suas semelhanças e diferenças e as consequências de sua aplicação nos corpos dos bailarinos.
Considerando que todo esse debate gerado revela o interesse dos profissionais da dança em um conteúdo técnico aprofundado, resolvi fazer um convite à Kamila Cidrim para responder uma entrevista aqui no blog e assim contar sobre suas experiências como bailarina e professora, esclarecer seus posicionamentos e ainda revelar seus novos projetos, que já estão a todo vapor.
Ela não apenas aceitou o convite de imediato como descreveu todas as suas vivências em detalhes – eu não poderia ser mais grata por isso! À medida que ela respondia, eu me sentia mais próxima e feliz de ter conhecido (virtualmente) essa grande profissional, que, acima de tudo, é muito humana.
Se eu fosse você, leria todo esse post. Mas, cuidado: as palavras podem emocionar!
Boa leitura!
Entrevista com a autora, professora e coreógrafa Kamila Cidrim
Autora dos livros Ballet: métodos e corpos e de Maroca, a Bailaroca, Kamila Cidrim é professora e coreógrafa com formação pela metodologia inglesa de ballet. Tem cursos de formação em Cuba, no Ballet Camaguey, e residência no Broadway Dance Center em Nova Iorque. Graduada em Design pela UFPE com Especialização em Dança Educação pela Faculdade Angel Vianna e Mestrado em Educação pela Universidad del Atlántico. Hoje, atua como professora de ballet e faz parte do corpo docente da primeira Pós-Graduação em Ensino do Ballet Clássico do Brasil (Faculdade IDE).
Olá, Kamila! Seja muito bem-vinda!
Em primeiro lugar, gostaria de te parabenizar pelo livro incrível que você escreveu e agradecer por todo apoio que tem dado ao Ballet em Páginas.
Sua publicação rendeu posts interessantíssimos no nosso Instagram e agradeço imensamente pela oportunidade de divulgar o conteúdo de uma obra tão enriquecedora para o mundo da dança como a sua. E muito obrigada pela sua presença aqui hoje!
Vamos às perguntas!
No seu livro Ballet: métodos e corpos, você conta que iniciou o ballet clássico aos 18 anos, considerada para muitos uma idade avançada para a dança. O que te motivou a ingressar no ballet nesse período e como foi essa experiência?
Eu sempre dancei. Dancei na escola e fiz o Balé Popular do Recife, que é uma escola de dança popular bem tradicional daqui. Dancei muito frevo. Outras danças populares também, como maracatu, xaxado, mas dançava muito frevo e dançava muito na escola também.
Quanto fui para o 3º ano do Ensino Médio, eu mudei de escola, onde eu não teria mais dança. Aí não foi nem uma busca minha, foi minha mãe quem percebeu que eu ficaria sem dançar. Ela foi atrás de uma escola de ballet onde a filha de uma amiga dela fazia. De início, não fui fazer ballet. Eu, com meus 16 para 17 anos, pensei: “não vou entrar numa escola de ballet agora, já sou velha“. Mas, mesmo assim, ela insistiu, disse que era bom eu me manter dançando para ter uma atividade física e eu fui, no 3º ano de Ensino Médio, ano de vestibular.
Por causa dos horários da escola, eu só fazia um dia de dança, na sexta-feira, que era aula de [ballet] moderno. Comecei fazendo o moderno e eu gostei bastante, porque não era o ballet, eu não sabia nada do ballet. A turma toda estava iniciando, então não me senti tão perdida. Mas, no ano seguinte, eu tinha me envolvido muito com a escola, fiz muitas amizades e já não queria sair mais.
Aí entrei na faculdade, fui cursar Direito (nada a ver, né?) e quis continuar na dança. Fui fazer o ballet. A professora do ballet também era a professora do moderno, e ela dizia: “se você fizer ballet, vai melhorar a técnica para o moderno“. Aí, comecei a fazer o ballet também.
Nesse ano já teve o Exame da Royal. Era o 5º grau e eu estava aprendendo as bases do ballet. No início do ano era certo que eu não faria o exame, mas eu botei na minha cabeça que eu queria, então comecei a estudar muito. Procurei livros, conheci o livro de Flávio Sampaio, Balé Passo a Passo. Eu li o livro e pedi de aniversário de 18 anos para minha mãe uma barra no meu quarto. Ela colocou barra e espelho, porque eu treinava muito em casa, tanto a matéria de exame como tudo de ballet. Eu lia muito. Foi um ano bem intenso. Consegui fazer o Exame da Royal e passei. Daí, no outro ano, continuei [o ballet] e já comecei a dar aula.
Depois de passar 05 anos aprendendo o ballet pelo método Royal Academy of Dance (RAD), você fez um curso com duração de um mês em Cuba. Como foi a adaptação da metodologia inglesa para a cubana? Quais foram suas maiores dificuldades como bailarina?
Eu continuei fazendo ballet pelo método Royal na escola onde entrei logo de início e comecei a me interessar muito, porque no ano seguinte já fui chamada para dar aula de ballet para crianças. Comecei a procurar cursos de professor para saber como era dar aula, enfim.
Querendo ou não, fui avançando um pouco rápido, porque quando a gente começa a ensinar, a gente acaba aprendendo mais para a gente também. É interessante como a gente vai trazendo para o nosso corpo também enquanto bailarino. Chegou um momento que a minha turma, que era a mais adiantada da escola, já não era suficiente. Eu queria uma aula mais adiantada.
Minha professora também dava aula em outro espaço, onde era método cubano. Ela me disse: “o professor de lá está juntando um grupo para fazer um curso em Cuba, você tem interesse?“. Ela sabia que eu sempre estava estudando. Respondi: “lógico que eu tenho interesse! Quero ir para Cuba“. Então, ela sugeriu que eu fizesse aula com o professor [da outra escola] para pegar o ritmo da aula cubana (que era mais adiantado do que onde eu treinava a Royal) e também pelas diferenças que eu iria encontrar. Lá por outubro, comecei a fazer aula com ele e já senti uma grande diferença. Na época, eu não sabia precisar se a diferença era o nível da aula, porque eu estava fazendo aula mais adiantada, ou se eram por questões metodológicas mesmo. Eu tive um grande impacto com nomenclaturas. O que para mim era primeira, para eles era preparatória; o que para mim era bras bas, para eles era primeira, então tive esse primeiro impacto das nomenclaturas. Em relação à técnica em si, eu considerava que [a diferença] era o nível técnico da aula [cubana] e eu fazia uma aula menos adiantada.
Você teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o criador do método cubano de ballet, Fernando Alonso. No livro, você menciona que dele ouviu histórias “bem diferentes das encontradas nos livros e DVDs“. Conte uma dessas histórias para a gente.
Polêmica (risos). Quando a gente foi para Cuba, fomos em 5 bailarinos fazer aula no Ballet de Camagüey. O Ballet de Camagüey foi criado por Fernando Alonso também. Ele já não morava mais em Camagüey, já estava muito velhinho, com 92 ou 93 anos de idade na época, e morava em Havana. Quando terminou o curso em Camagüey, a gente foi à Havana e um dia foi conhecer ele (ele queria saber quem eram as brasileiras que estavam fazendo curso em Camagüey). A gente passou uma tarde na casa dele, tomando café e conversando. Ele falou um monte de coisas para a gente enquanto bailarina, coisas lindas, inclusive da vida dele enquanto bailarino, e contou um pouco da história dele.
O que eu digo que é um pouco diferente é que você encontra muitos lugares falando que a criadora do método cubano foi a Alicia [Alonso], quando na verdade quem arquitetou tudo foi o Fernando Alonso. Ele foi a Miami, passou um tempo lá, e começou a analisar a questão da diferença dos corpos. Ele fala disso com muita propriedade. Quando ele voltou, ele tinha um relacionamento com a Alicia e começou a treinar tudo enquanto professor, botar em prática com ela. Lógico que existe uma parceria, mas as pessoas dão muito os créditos a ela, quando na verdade foi muito mais ele, pelas histórias que ele contou para a gente. Nos livros, é muito mais citada a Alicia, quando na verdade foi ele quem fez ela. Foi ele quem treinou ela. Foi ele quem construiu junto com ela o Ballet Nacional de Cuba. Depois, ele foi a Camagüey e lá abriu outro ballet. Era interessante que os bailarinos do Ballet de Camagüey tinham menos condições, porque o Ballet de Camagüey não recebia muito incentivo financeiro do governo. A estrutura do Ballet de Havana é incrível: salas de ginástica, muito material para treino, salas grandes de ballet, várias salas. Em Camagüey, era bem pobrezinha mesmo. A estrutura era bem mais difícil do que no Ballet Nacional, mas a formação de bailarinos em Camagüey é incrível. Muitas vezes, os contratados para a Cia do Ballet Nacional vêm de Camagüey. As pessoas com que conversamos lá diziam que isso tem muito a ver com o fato de Fernando Alonso ter ficado muito [tempo]dentro do Ballet de Camagüey. Do [Ballet] Nacional de Cuba ele se afastou mais rapidamente. Se dizia que a base técnica do método cubano estava no Ballet de Camagüey.
Muitos professores afirmam que a metodologia cubana é a mais adequada para ser ensinada no Brasil. Você concorda?
Eu não sei se concordo exatamente. Primeiro de tudo, o brasileiro não tem um corpo muito definido. A gente encontra muitas pessoas com o biotipo russo. Aqui em Recife, dando aula, já tive algumas alunas com esse estereótipo. Ao mesmo tempo, a gente tem outros corpos. O método cubano foi muito pensado nessa diferença de corpo. Eu acredito que, particularmente, dando aula, eu penso mais no que cada método pode me ajudar para coisas específicas. Por exemplo: os exercícios e a forma de conduzir a aula do método cubano realmente ajudam muito na técnica para sustentação e força no giro. Eu, enquanto bailarina, me senti girando mais quando comecei a fazer método cubano. Já para adágio, o trabalho do [método] russo é incrível. Então, eu penso muito no que vai ajudar os meus bailarinos. A questão corporal eu vejo como uma consequência.
Inclusive, meu livro surgiu de um trabalho de TCC, da pós-graduação, pensando nisso. O nome do livro ficou Ballet: métodos e corpos, mas no meu TCC era um nome enorme, algo como Métodos inglês, russo e cubano: diferenças metodológicas e suas interferências nos corpos dos bailarinos praticantes. Por quê? Porque fazendo uma aula dentro daquele método você chegava a um tipo de trabalho físico. Eu não penso muito no caminho inverso: “porque eu tenho o corpo assim eu só posso fazer aula dentro de certa metodologia“. Eu acredito que todos os métodos podem ajudar para alguma coisa. É lógico que é interessante a gente se definir em um método, mas, dando aula, muitas vezes eu falo de três. Por exemplo: “vamos fazer os arabesques. No russo é assim, no cubano é assim“. Na mesma aula, eu falo “rise, elevé“, para que meus bailarinos, quando chegarem num lugar e escutarem um professor falando rise, eles saibam que é para fazer um elevé, e se escutarem elevé, eles saberem que é a mesma coisa que rise. Eu penso em como os métodos podem me ajudar em cada coisa específica, e não simplesmente “porque os corpos são assim, vou dar tal método“.
A metodologia Vaganova é a única que adota sequências de port de bras bem definidas e ensinadas de forma gradativa. Em seu livro, antes dessa informação técnica, você afirma que “é através do port de bras que se sabe quando o bailarino teve uma boa escola“. Você considera, então, a metodologia russa a mais completa – e que forma melhores bailarinos?
O método Vaganova tem sequências de port de bras bem definidas, baseadas no que ela [Agrippina Vaganova] queria atingir com os bailarinos dela. Quando eu falo que se vê quem tem uma boa escola através de um port de bras é pelo trabalho do braço realmente. Para quem vai estudando os métodos e as diferenças, você vai vendo muito resultado e você consegue perceber, pelo menos já debati isso com algumas pessoas, se aquele bailarino é formado numa metodologia russa, numa francesa, numa cubana, num Royal, porque existem características que são passadas daquilo. Mas o que diz que ele tem uma boa escola é: se você olha para o bailarino e você faz “eita, bem bracinho de Royal“, significa que ele teve um bom ensino dentro da Royal. Se você olha e diz “eita, port de bras bem russinho ali“, significa que ele teve uma boa escola. Então, eu acho que o port de bras é algo que mostra que o bailarino teve uma boa escola. Eu tenho um fato que ilustra o que eu quero dizer. Quando fui para Nova Iorque, passei seis meses lá, eu já tinha os três métodos. Foi lá que conheci o método Cecchetti. Quando cheguei em Nova Iorque, fiz aula na Broadway Dance Center, e tinha vários professores de métodos diferentes. Uma delas, Natalya Stavro, foi bailarina russa, dançou no Kiev. Ela já era idosa, foi formada pela escola Vaganova. Eu me lembro que eu estava lá, na minha, fazendo aula. Pessoas circulam o dia todo lá, então é difícil o professor decorar algum aluno. Aí, eu fazendo minha barrinha, ela passou por mim, olhou, ficou olhando para os meus braços e fez: “você estuda método Vaganova?”. Eu balancei a cabeça dizendo que sim e continuei fazendo. Ela disse: “dá para ver que você teve uma ótima professora“. (Contei para minha professora e ela ficou se achando – risos). Por que ela disse isso? Ela viu que minha movimentação estava de acordo com o que o método pede. Ela olhou e fez “essa daí estudou método Vaganova“. Então, é isso o que eu quero dizer: você olhou para a pessoa e sabe que ela teve uma boa escola pelo port de bras que ela fez. Independentemente de qual foi a escola e de qual foi o método daquela escola, você consegue identificar que ela teve uma boa formação.
No seu livro, você afirma que parou de se definir dentro de uma metodologia. Você mantém esse posicionamento? Por quê?
Eu mantenho isso, mas de uma forma específica. Por exemplo: hoje, eu estou com uma vida de professora bem reduzida, por outras áreas que eu também trabalho, então onde dava aula (e quando tive meu estúdio de dança também) era muito misturado, até nível de idade. Eu dava aula para muitos níveis técnicos diferentes. Eu saía separando na barra quem era de qual nível para visualizar bem. Eu dou aula nesse esquema, então eu procuro dar tudo aos meus alunos, porque eles não vão ficar comigo. Isso é certo. Eles estão passando por mim e vão embora e espero que voem. Então eu preciso que, quando forem a uma aula russa, eles saiam entendendo, que eles cheguem lá e não fiquem perdidos. Se eles forem para uma aula cubana, que não fiquem perdidos. Se forem fazer uma aula Royal, que não fiquem perdidos. Por isso que mantenho esse posicionamento. Porém, eu dei aula numa escola que dizia “nossa metodologia é Vaganova“, então eu segui exatamente a metodologia Vaganova. Dei aula em outra escola que dizia “aqui a gente segue Royal“, então vamos para Royal.
Hoje, eu trabalho com escola de ensino regular, tem ballet bem certinho [separado] por idade, duas vezes na semana para criança. Eu consigo seguir um programa. Eu sigo Royal, principalmente para as crianças, porque para criança é a que mais atrai realmente, a que mais incentiva, estimula; a criança gosta, se diverte mais. Porém, chega num ponto que começo a fazer umas coisinhas que eu acho que são válidas do método Vaganova, outras eu vou falando do método cubano. Eu tenho alunas que fazem ballet na escola e fazem ballet em academia, então eu preciso sempre dizer que não é que eu estou errada nem que outra professora está errada, nós estudamos métodos diferentes. Eu preciso ter essa conversa sempre. Por isso que eu me defino um método certo, mas eu sempre digo sobre esses três [russo, inglês e cubano], que foram as que eu mais estudei. Cecchetti eu vivenciei muito como bailarina, mas não estudei tanto, por isso sempre falo desses três , e sempre deixo claro que eles poderão encontrar outras coisas. Isso não quer dizer que eu estou errada nem que os outros professores estão errados, e sim que existem métodos diferentes de ballet. Então, a minha realidade é essa. Mas, se eu for dar aula numa escola que trabalha método cubano, eu vou pegar o programa da escola e me adequar. Tenho que me controlar para não falar primeira quando é preparatória nem preparatória quando é primeira. Eu me adequo à escola, mas na minha realidade, das turmas que eu tenho, que não fazem parte de uma escola específica, eu busco mostrar o máximo que eu puder para que quando saiam de mim não estejam perdidos.
Há professores de dança que afirmam que o ideal é seguir apenas um método de ballet clássico, de modo a não interromper a evolução do trabalho técnico. No entanto, sabe-se que no Brasil dificilmente se faz uma aula com uma metodologia pura, ou seja, numa aula que seria RAD o professor ensina o passé de acordo com a metodologia russa, por exemplo. Como professora, o que pensa sobre isso?
É muito difícil ter professores que ensinem a metodologia pura. Hoje em dia eu acho muito mais fácil encontrar quem é da Royal, porque a Royal tem muito cursos, então a gente consegue ter mais uma formação e seguir aquilo. E [o método] Vaganova é mais [acessível] quando a gente consegue ir para Joinville, onde tem cursos do Bolshoi, ou com algumas pessoas que vão dando cursos e viajam pelo Brasil, mas eu acho mais difícil de encontrar [método Vaganova] do que um Royal, por exemplo.
É mais difícil ainda encontrar quem dê aula puramente cubana. Aqui em Recife eu tinha esse professor (que já nem mora mais aqui) e uma outra cubana que veio morar aqui em Caruaru. Ela tem escola, e de vez em quando dava curso para professor também. Só eles dois. Quero dizer, tem uma outra escola que dá aula de método cubano, mas eles não são propriamente cubanos, eles fizeram uma formação também. Acho que são só esses três aqui por Recife. Então, eu acho que é difícil a gente encontrar um método puro realmente.
Eu acho importante que o bailarino tenha uma formação dentro do método, porque é como eu disse, é pelo port de bras que a gente vê se ele teve uma boa escola. A gente olha e sabe que aquele bailarino foi treinado dentro de um método, dentro de uma escola, dentro de um ensino que tem uma progressão.
A gente consegue ver; você vê ele fazendo aula e já sabe qual o nível dele, o que ele já aprendeu, para onde ele está indo, de que forma ele vai chegar lá. Você consegue tirar muitas informações só de olhar, se for um bailarino que tem uma boa escola realmente.
Eu já tive a experiência de ver bailarinas que mudaram de uma escola para outra, sempre de escolas boas de dança, porém mudando de método. Isso confunde um pouco e acaba criando vícios. Eu já vi muitos bailarinos com vícios de braços muito mais baixos por causa de método Royal – eu mesma era uma. Quando eu tentava fazer coisas em método Vaganova, port de bras, piruetas e etc., estava em desacordo, não estava dentro do que o método pede. Isso pode confundir um pouco o bailarino realmente. Eu acho importante o bailarino ter uma formação dentro de um método, mas infelizmente às vezes a gente tem que andar conforme as coisas acontecem na nossa realidade. Hoje é muito difícil a gente encontrar uma escola que tenha professores que sejam puramente daquele método.
Recentemente foi criado o Método Brasileiro de Ballet (MBB), que ainda é pouco conhecido. Na sua opinião, o Brasil deve seguir uma metodologia própria de ensino de ballet?
Sobre o Método Brasileiro de Ballet: eu não sei muito o que falar porque eu não conheço. Eu nunca li nada mais a fundo nem fiz curso sobre o método. Enfim, eu não tenho muito o que falar. Sobre a segunda parte da pergunta, se o Brasil deveria seguir um método, eu acho que é uma conversa muito extensa. Para se chegar a ter um método é necessário estudar muito, preparar muito. Hoje em dia a gente já tem muitos métodos. A própria Royal surgiu da análise de 4 métodos. A gente teria muita coisa para analisar para se chegar e dizer que é um método diferente, que tem alguma coisa diferente. Então, eu realmente não sei do Método Brasileiro de Ballet. Não sei como foi criado, realmente é uma coisa que eu não tenho conhecimento pra eu poder falar, então eu vou deixar sem resposta. Para se chegar num método próprio a gente tem muito caminho pela frente.
Vamos falar um pouco sobre sua experiência como escritora. Tem algo sobre esse processo de escrita que você gostaria de compartilhar? Quais foram suas maiores dificuldades ao escrever um livro técnico de dança?
Eu escrevo muito desde pequena, desde criança. Quando eu era pequena, eu tinha coleçõezinhas que eu criava de histórias infantis. Algumas editoras já quiseram publicar, mas na época eu achava que era péssimo. Eu não queria que desse nada meu porque eu dizia: “é muito ruim!“, quando pequena.
Então, sempre gostei muito de escrever. Muito, muito. Pensei até em fazer o vestibular para os cursos de Letras, Jornalismo, porque realmente eu sempre gostei muito de escrever e sempre tive muitos escritos. Sempre que eu estou estudando conteúdo ou alguma coisa, faço muitas coisas escritas em resumo. Eu saio escrevendo, saio juntando referências e tal, mas sempre tudo muito para mim; inclusive, eu tenho várias coisas aqui guardadas que vão virar um texto, alguma coisa, porque eu guardo muito para mim.
O processo para o livro mais técnico de ballet foi porque foi o meu processo pessoal daquele momento. Esse livro, especificamente, não foi nada que eu comecei a escrever por prazer, porque eu estava gostando e queria escrever, não. Eu precisava realmente escrever para um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Eu lembro que, na época, eu estava envolvida com a questão da dança na escola, no contexto escolar, que é outra coisa que eu sou apaixonada. Eu pensei em escrever sobre isso, mas enquanto bailarina as minhas maiores descobertas naquele momento estavam nesse âmbito aí dos métodos.
Eu acho que até falo isso no livro: conversando com amiga, que acabou sendo minha coorientadora, ela fez: “por que tu tá escrevendo sobre dança na escola nesse momento, já que o que está mais te inquietando é essa questão dos métodos?“, então, eu parei e fiz, “poxa, é mesmo” e comecei a escrever para o TCC, pensando muito nisso.
Na época, para fazer o TCC, eu poderia ter feito de diversos formatos. A Pós era em Dança, e normalmente a área artística é mais livre no formato da escrita. Mas eu quis fazer bem assim certinho, dentro de ABNT. Eu escolhi esse formato, porque minha graduação foi em Design e eu já não tinha tido essa experiência de fazer dentro de normas técnicas, dentro de como é uma pesquisa científica. Então, eu quis fazer para ter essa experiência na Pós-graduação. Foi meio que juntando todas essas questões: eu queria fazer um TCC mais técnico, mais dentro de um projeto de pesquisa mesmo acadêmico, e eu estava muito envolvida mesmo nessa questão das técnicas. Na época, eu estava dançando muito, muitas aulas em escolas diferentes, vivenciando métodos diferentes, então eu estava vivenciando muito isso. Eu acabei indo para esse assunto e acabou que surgiu o texto e ficou lá. Ficou lá meu TCC encadernadinho, entreguei.
Enfim. Algumas pessoas me pediam, quando eu dizia sobre o que falei. Eu tirava xerox e mandava o PDF para a pessoa. Tenho amigas que têm esse PDF do meu TCC. Um belo dia, acho que uns 5 anos depois, lá por 2016, 2017, eu transformei ele no formato de livro. Fiz: “poxa, eu devia organizar ele para ficar bonitinho como um livro“. Mas eu tinha vergonha de postar, eu nunca achava que estava bom. Eu sempre achava que eu tinha que melhorar mais, que eu tinha que rever toda a bibliografia e tal. E aí, quando foi ano passado, uma amiga minha puxou a minha orelha e fez: “que absurdo, seu TCC é massa, tu devia publicar“. Aí, eu peguei o arquivo, que já estava pronto, a capa, que já estava pronta há muitos anos também, e simplesmente fiz: “sabe de uma coisa?”. Aí eu reli numa noite e publiquei. Na loucura mesmo, fui e publiquei. E lógico que bateu todo um receio de “meu Deus do céu, eu não devia ter feito isso. Tem muita coisa técnica que já pode estar ultrapassada“. Mas aí eu fiz: “não, aqui está deixando bem claro que ele foi escrito em 2012“. Por mais que eu esteja publicando agora, poderia ter feito mais revisão, mas eu quis deixar o texto que foi escrito. E enfim, foi isso assim. O processo foi mais ou menos esse.
Livros sobre métodos de ballet clássico ainda são raros, especialmente no Brasil. No entanto, há muito interesse de professores e bailarinos de conhecer as diversas metodologias. Na sua opinião, por que a conta não fecha?
Eu acho que a conta não fecha por esse mesmo receio que eu tive. Eu acho que a gente é tão limitado no acesso aos métodos que a gente tem receio de escrever alguma coisa e estar falando besteira. Por exemplo: eu nunca fui a Londres, então eu não fui lá ver a metodologia Royal acontecendo. Eu nunca fui à Rússia também. A gente fica nesse receio. No meu livro, faço questão de dizer que são as minhas experiências, são as coisas que eu fui aprendendo na sala de aula, como o meu corpo sentia e o que eu pude encontrar de referência bibliográfica, o que eu pude encontrar de literatura para fazer esse contraponto do que eu vi em sala de aula com os meus professores (que também aprenderam com outros professores, que não foram ao lugar [de origem] onde está a técnica daquele método). É um estudo. É talvez um primeiro estudo mais detalhado da gente aqui no Brasil. Geralmente, quando se fala dos métodos, todo mundo fala mais da parte histórica, que é mais fácil de encontrar. Mas eu fui para o lado da técnica de cada método. Eu acho que as pessoas não vão por aí por esse mesmo receio que eu tive (que deixou o livro guardado por 10 anos). Eu acho que existe esse receio porque a gente sabe que a gente não tem acesso de forma tão aprofundada – e quem tem [acesso] não escreve. Fico danada com isso (risos). A gente tem pessoas que vêm da Rússia e trabalham no Bolshoi em Joinville. A gente tem grandes mestres no Brasil, mas que não escrevem. É muito difícil a gente ver um livro que foi escrito aqui que fale do método nas especificidades do método. Então, acho que fica muito nesse receio de a gente de se aprofundar em coisas que não são próprias nossas, de um método que é russo, que é inglês, que é cubano.
Você também é autora de Maroca, a Bailaroca, livro destinado ao público infantil. Qual é o maior desafio em escrever para crianças? Como o superou?
Sobre Maroca, a Bailaroca eu poderia ficar falando horas aqui. Como eu disse antes, desde pequena eu escrevia e eu sempre gostei de literatura infantil. Na adolescência era uma vergonha, né? Quem é o adolescente que diz que gosta de livro infantil? Mas eu gostava. Eu ficava relendo todos lá de casa. Minha mãe era coordenadora de educação infantil, a vida inteira trabalhou com isso, e ela sempre trazia os livrinhos para casa, para avaliar, e eu sempre queria ler todos, sempre gostei muito. Em paralelo, eu sempre gostei muito do público infantil. Eu amo dar aula para o público infantil. Inclusive, eu comecei a dar aula porque uma coordenadora de escola viu o meu jeito com criança na escola de ballet onde eu fazia aula. Ela disse: “você poderia ensinar lá na escola“, porque eu gosto muito desse universo de criança. Amo, amo, amo criança. Eu sempre tive essa vontade, era meu sonho quando pequena. Faziam aquela pergunta clássica: “o que você vai ser quando crescer?“, e eu respondia: “escritora de livro infantil”. Minha mãe dizia: “você pode ser médica e escritora, minha filha“, e eu olhava para ela e pensava “não, eu quero ser escritora de livro infantil“. Isso ficou um pouco guardado em mim. Sempre gostei de escrever, como eu disse. Aí, um belo dia, nem sei te dizer como foi isso, não lembro exatamente desse momento, eu sentei na frente do computador e comecei a escrever a história de Maroca. Não pensei muito no nome, simplesmente foi Maroca, a Bailaroca. Eu tinha essa relação numa escola que eu fiz aula. Sempre que uma aluna fazia algo de errado, que era ruim, uma professora dizia que era bailaroca. Eu achava isso um absurdo. Ela dizia: “você está sendo uma bailaroca. A bailarina faz assim, a bailaroca que faz errado“. Eu achava meio errado isso. Aí, eu quis desmistisficar isso. Eu quis dizer que bailaroca pode ser algo bom. O livro fala um pouco disso. A menininha Maroca sofre um bullying porque ela estava entrando no ballet e não sabia muito o que fazer, mas no final ela descobre que ser bailaroca é dançar com amor. Todas as experiências desse primeiro livro são experiências vivenciadas por mim. Tudo. Pode estar um pouco adaptado, mas foram experiências que eu vivi, inclusive frases que eu ouvi de professores. A frase final do livro eu ouvi de uma professora. Eu tentei trazer de uma forma lúdica uma desmistificação da coisa de que existe um corpo para dançar ballet, de que existe uma necessidade de você se adequar perfeitamente a uma técnica para você dizer que é bailarino e dança bem. Eu sempre vi isso muito nos meus alunos. Aquela coisa: “não posso ser bailarina porque sou gordinha” ou “não posso ser bailarina porque bailarina é loira“. Tudo o que já vivenciei como bailarina e como professora e entendendo a visão que minhas alunas têm do ballet clássico eu quis trazer para esse livro. A personagem, a ilustração da personagem, não é nem um pouco o estereótipo da bailarina russa; ela também não é tão “fofinha”, ela tem traços mais grosseiros, e eu passei tudo isso ao ilustrador. Eu disse: “quero uma menina que todo mundo se identifique“. E é lindo ver quando as crianças pegam o livro e veem que ela tem um cabelo marrom, um cabelo cacheado, que ela cai na pirueta, que ela não tem muita flexibilidade, mas que no final das contas ela encanta, porque ela dança com amor. Eu passei um pouco por isso. Eu nunca tive o corpo da bailarina. Eu podia ser magrinha, mas não tinha um en dehors perfeito, eu não era flexível. Eu tive que batalhar muito para cada coisa conquistada no ballet. Eu falo sobre isso no livro, sobre se dedicar, se esforçar, que você consegue. Eu ouvi de uma professora. Ela parou em Nova Iorque a aula, parou o adágio e disse: “você não tem a perna alta, você não gira muitas piruetas, mas você dança com amor. Você bota paixão no que faz“. Eu fiquei morta, com todo mundo olhando para minha cara, e ao mesmo tempo foi uma declaração de “você é bailarina, sim”. Eu comecei o ballet já muito tarde, então tinha coisas que eu precisava muito para alcançar, mas eu amava dançar. Ouvir isso de uma professora que foi uma grande bailarina (acho que ela era irlandesa)…eu quis trazer isso para o universo infantil e tenho amado o feedback que as crianças estão dando.
Tem planos para escrever outro livro? Um outro sobre as demais metodologias, talvez? (Pedido de uma leitora interessada)
Eu tenho planos para escrever outros livros, sim. Na verdade, tenho livros já quase prontos. Vou dar um spoiler (não sou de falar, mas vou falar): eu estou finalizando um livro sobre didática e planejamento em sala de aula no ballet clássico. Meu mestrado é em Educação, eu fiz Formação de Professores e Tecnologia da Informação e Comunicação Aplicada à Educação, mas fiz parte de formação de professores também. É uma área que sou apaixonada também, porque trabalho em escola. Eu dei formação de professores da área de tecnologia, mas [ainda assim] de formação de professores; fiz umas pequenas formações com professores de ballet clássico também e sim, tenho esse compilado de escritos que estou organizando para transformar num livro sobre didática e planejamento.
Tenho também um projeto que é um produto que eu patenteei para ensino de musicalização para bailarinos. Eu estudei música minha vida inteira e sempre encontrei determinadas dificuldades tanto nos meus colegas bailarinos (eu não conseguia entender como que eles não conseguiam contar a música, porque para mim era uma coisa muito óbvia; fui percebendo como o ouvido era diferente de quem não tinha estudado música), tanto como professora. Eu tentava passar algumas questões de musicalidade para os meus alunos e eu via que eles não sabiam e não iam entender, porque eles não tinham estudado a teoria musical que eu estudei. Então, acabei criando uma escrita criativa e uma técnica atrelada a isso para o ensino de musicalização para bailarinos. Eu estou finalizando a plataforma, que vai ser um aplicativo, e vai ter os livros também (eles estão quase prontos também). E Maroca vai ter continuidade. Maroca já tem um próximo livro escrito. Estou entrando em contato com um ilustrador, porque se Deus quiser ano que vem sai o próximo de Maroca. É isso. Muitos planos.
Qual é a parte mais difícil da profissão escritora: escrever, revisar, editar, publicar, divulgar ou vender o livro?
Puxa, a parte mais difícil, para mim, está sendo divulgar. Escrever foi parte de um processo. Flui muito bem para mim a questão da escrita. É um negócio que eu gosto de fazer desde sempre. Editar. Eu sou Designer de formação, então para mim também foi tranquilo. Eu, inclusive, quando estudei editoração, num trabalho da faculdade tive que reeditar um livro de Flávio Sampaio. Refiz ele todinho, só para estudo. O meu TCC de Design foi uma revista de dança. Então, eu gosto de fazer isso, tenho uma prática e eu não tive esse problema, porque eu não tive que buscar esse serviço por fora, eu mesma fiz. Tanto o de Ballet: métodos e corpos como Maroca, a Bailaroca. Publicar, hoje em dia, está bem fácil. Eu procurei antes para ver se eu publicava por uma editora, mas não vale a pena hoje em dia, pelas formas que as coisas são feitas, pelas burocracias. Para mim, pelo menos, se encaixou melhor a questão da autopublicação. Eu preferi fazer a autopublicação e para mim está dando supercerto. É muito bom eu não ter que ter uma tiragem do livro, isso elimina um investimento que a gente tem que ter, de gastar uma grana, comprar um monte de livro para depois tentar vender. Essas plataformas de autopublicação facilitam bastante, porque a gente pode colocar o arquivo e eles mesmos imprimem e enviam à pessoa que comprou. Então, isso para mim foi fácil, muito bom. Agora, divulgar é o mais difícil. Apesar de eu adorar foto, rede social, não é algo que eu goste de fazer, profissionalmente falando. Eu tenho vergonha de falar em vídeo, não sou muito de ficar gerando conteúdo. Eu fiz uma consultoria com uma empresa de marketing e eles pensaram em várias estratégias de divulgação. “Ah, não. Isso eu tenho vergonha. Ah, não. Isso é mico“. Eu não tenho muito essa desenvoltura. Às vezes eu vou, gero um monte de conteúdo, daqui a pouco eu paro. Agora mesmo, eu estou paradíssima, sem postar nada. Eu tenho essa dificuldade para divulgação. Eu acabo fazendo a divulgação no pessoal mesmo. Por exemplo, na escola que eu trabalho, muita gente comprou o livro de Maroca, porque eu estou ali falando, aí um vê o outro comprando, aí eu vou e falo, e quando eu paro para falar do livro, eu me empolgo, as pessoas acabam comprando. Mas assim, divulgação on-line eu realmente não sei fazer, não sou muito boa. Eu deveria ter alguém fazendo por mim, sabe? Mas até para encontrar alguém para fazer por mim, para dizer como eu gostaria que a coisa fosse, as pessoas pedem coisas de mim que eu não tenho…sabe? Então, é isso. A parte mais difícil está sendo a divulgação.
Que mensagem gostaria de deixar aos leitores do seu livro e aos seus leitores indiretos, que tiveram acesso ao conteúdo do livro pelo Ballet em Páginas?
A mensagem que eu gostaria de deixar é: por favor, não tomem meu livro como uma coisa fechada, como um conteúdo que é o certo, que eu escrevi como sabendo de tudo. Está longe de mim ser isso. É um primeiro estudo, a partir das minhas experiências, das minhas referências, de professores e aulas que eu tive. Que bom se alguém pegasse isso e aprofundasse mais, fosse além e pesquisasse mais e isso fosse reverberando. Como você disse, não tem muita gente escrevendo sobre métodos de ballet, principalmente aqui no Brasil, e seria ótimo se o livro se transformasse num incentivo, para que pessoas que, como eu, que gostam de estudar, de escrever, tenham essa coragem também de publicar, e que cada vez mais a gente esteja compartilhando informações sobre a dança para que a nossa área cresça, e de forma séria. É muito emocionante e triste: quando cheguei em Nova Iorque, encontrei uma biblioteca inteira e enorme, a Performing Arts, que é só para arte, e tem um andar inteiro dedicado à dança. Corredores com livros sobre estilos de dança, com livros sobre figurino, com livros sobre música. E a gente, aqui no Brasil, não tem nem uma estante mais numa Livraria Cultura. Não tem uma estantezinha lá com o nome: Dança. Não tem. É uma área que é pouco valorizada, realmente. Então, se cada vez mais pessoas pesquisam, mais pessoas que estudam colocam isso para o mundo de alguma forma, a gente consegue ir crescendo. Então, a mensagem que eu queria dizer é que as pessoas tenham coragem de por seus estudos para fora, para o mundo. Eu demorei 10 anos para ter coragem, mas acabei tendo, e tenho certeza de que isso não é nada perto do que a gente ainda pode construir e compartilhar. Que ele [o livro] sirva de incentivo. Espero que sirva de incentivo. O trabalho que você faz com o Instagram já é maravilhoso, porque você está reverberando vários conteúdos que eu coloquei no livro, e tem pessoas ali debatendo, tem pessoas dizendo: “que massa, fiz aula assim, vou reparar nisso“. Isso vai gerando um estudo. Tomara que outras pessoas se sintam à vontade para debater, compartilhar, escrever e publicar e cada vez a gente crescer mais. É isso.
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