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As Bailarinas de Degas

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Livro: “Degas: o pintor das bailarinas”, de Susan Goldman Rubin

O livro de hoje reúne duas artes: a dança e a pintura. Numa linda edição ilustrada, conhecemos alguns detalhes sobre grandes obras de Edgar Degas, um dos maiores artistas do século XIX.

Embora suas pinturas não tratem apenas de ballet, mais de mil (!!) delas são sobre bailarinas. Não é à toa que Degas chegou a dizer:

As pessoas me chamam de o pintor das bailarinas.

Daí já entendemos o título do livro.

Esse é um belo livro de arte feito para crianças. Com menos de setenta páginas, “Degas: painter of ballerinas” apresenta um mundo que mistura tinta e cetim, pasteis e tules. É um verdadeiro tesouro de cultura, que dá pinceladas sobre as bailarinas e a vida de Degas.

Veja algumas delas abaixo.

Les petits rats

O livro explica que, diferentemente de outros pintores impressionistas da época (como Monet ou Renoir), Degas passava a maior parte de seus dias em ambientes fechados, fosse na Ópera de Paris ou em seu estúdio. Assim, Degas retratava a rotina exaustiva das bailarinas na França, que em geral, no século XIX, viviam em péssimas condições. Daí surgiu a expressão “pequenas ratas” (petits rats), uma analogia sobre a pobreza e a fome das bailarinas que agarravam migalhas para tentar sobreviver.

“La Petite Danseuse de Quatorze Ans”, de Edgar Degas, em exposição no National Gallery of Art, em Washington, nos Estados Unidos.

A obra que talvez mais represente essa realidade é La Petite Danseuse de Quatorze Ans (A Pequena Dançarina de Quatorze Anos), única escultura que Degas exibiu em vida e na qual a bailarina Marie von Goethem foi modelo.

Como a obra tinha tutu de tecido e a trança era feita de cabelo real, o público da época se assustou com a aparência viva da bailarina e classificou a obra como “assustadora” e “feia”. Apesar disso, muitos previram – acertadamente – que aquela seria uma nova forma de arte moderna.

Doença de visão

Um detalhe interessante sobre Degas é que ele tinha uma doença de visão desde que era jovem. Por conta disso, Degas adotou algumas medidas para preservar sua vista, como escrever cartas com os olhos quase fechados e desenhar com giz de cera e carvão, em vez de lápis, para que pudesse enxergar seus desenhos com mais facilidade.

É o caso do desenho Danseuse avec um ventilateur (Bailarina com um Leque), onde se pode ver os traços do artista com linhas pretas bem marcadas.

Apesar das dificuldades de saúde, Degas ansiava em continuar seu trabalho. Uma vez, ele escreveu:

Eu ainda sonho com meus projetos.

No fim de sua vida, Degas era quase cego. Devido à sua condição, o livro revela que ele passava os dedos sobre suas telas para sentir a textura das pinturas. E se orgulhava do resultado.

“Danseuse avec un ventilateur”, de Edgar Degas, em exposição no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
“Danseurs, Rose et Vert”, de Edgar Degas. Nesse óleo sobre tela, Degas usou pincéis e os próprios dedos para aplicar e misturar a tinta.

Jules Perrot

Outra curiosidade mencionada no livro é o fato de que Edgar Degas era admirador do coreógrafo francês Jules Perrot. Degas admirava tanto Perrot que o retratou em uma de suas pinturas à óleo, o quadro La Classe de Danse (A Aula de Dança).

Na obra, Perrot se apoia em uma longa bengala, com a qual costumava bater no chão com força para marcar o tempo da música. Acho que todo coreógrafo tem um jeito para fazer isso…a minha professora bate as palmas das mãos!

“La classe de Danse”, de Edgar Degas, em exposição no Musée d’Orsay, em Paris, na França.

Sobre a leitura:

….para quem?

Esse é um livro direcionado ao público infantil, então os fatos são narrados de maneira leve e objetiva. Inclusive, apesar de ser escrito em inglês, é uma leitura tranquila para iniciantes na língua.

…como é?

Para quem adora livro físico como eu, o material do livro é caprichado. Capa dura, páginas plastificadas, letras grandes e imagens de qualidade (que permitem ao leitor visualizar os detalhes das obras de Degas).

…qual o conteúdo?

No livro há várias curiosidades sobre o processo de criação de Degas, além de conter alguns detalhes sobre a vida pessoal do pintor (como o fato de que ele nunca se casou). Não se trata de uma biografia, embora o livro também a traga numa versão resumida.

…quem forneceu as imagens?

As belíssimas ilustrações são contribuição do Metropolitan Museum of Art, museu de Nova Iorque onde estão expostas algumas das obras de Edgar Degas. Aliás, um dos destaques interessantes no final do livro é uma relação de todos os museus no mundo em que se podem encontrar obras do artista. Na minha opinião, isso já vale a compra do livro!

…o que mais posso aprender?

O livro conta também com dois glossários, um sobre Termos de Arte, onde há a definição de pastels (pasteis) – bastões com pigmentos coloridos (uma espécie de giz de cera) – e outro sobre Termos de Ballet, que define frappé, rond de jambe e outros passos básicos de ballet clássico.

Há mais livros como esse?

Por fim, vale destacar para quem gosta de pintura (ou para quem quer incentivar crianças a se interessar por essa forma de arte) que a autora também escreveu Magritte’s Imagination, que trata do surrealista René Magritte, e Matisse Dance for Joy, que apresenta o fauvista Henri Matisse.

Ficha técnica

  • Título: Degas, painter of ballerinas
  • Editora: Abraham Books for Young Readers
  • Ano: 2019
  • Autora: Susan Goldman Rubin (veja mais no site)
  • Número de páginas: 64
  • ISBN: 978 141 972 8433
  • Disponível em e-book

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Você já conhecia alguma obra de Degas? Qual a sua favorita? Comente!

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